Já estou como a Sandra...não aguento pessoas mal humoradas às 8 da manhã!
1 comentário:
Anónimo
disse...
MANIFESTO qualquer coisa
A “Vós, ó portugueses da minha geração, que como eu, não tendes culpa nenhuma de serdes portugueses”
- José de Almada-Negreiros
Com certeza já ouvistes falar deste paísinho, pequenino, pacatinho; esta alegre casinha, tão modesta quanto nós... Vá lá, mesmo que não sejais pessoa aí para os seus quatrocentos, quinhentos anos, confessai-me que algures, por aí (se não com boca grande, à boca pequena), o grão nome de PORTUGAL roçou já a vossa orelha! Qualquer ovelha, por menos velha que seja nestas lides de carneirar, pastar, matar o tempo e nada pescar, mas a tudo cagar, conhece bem as memórias glórias vitórias da sua história, que hoje em dia temo que já não se saiba contar.
Também, quem se lembrou de este país à beira-mar plantar, dir-se-ia que não se soube acautelar: ventinho vai, ventinho vem, o paísinho acabou por tombar ao mar... que, de tão salgado, ainda hoje se traz nos lábios o amargor do seu sabor. O travo de amargura sentida e cantada infinitamente por toda a gente. Insistentemente. E para sempre.
Proponho-vos que largueis os caducos álbuns fotográficos desta nação padrão paixão e louvemos antes o nosso presente efervescente tão contente, mui rico e pleno de ensinamentos lusos a ensinar!
Advogo e (p’la santíssima) rogo que, mormente no actual presente, está na hora (ai, que em má hora se deverá falar em horas!) de fazermos as pazes, PORTUGAL. Qu’isto não está assim tão mal... Arriba ó Portucale! O teu bacalhau já nada vale? Arrumemos em casa a nossa loiça. Então... comecemos por qualquer coisa.
Falais do déficit ou défice... ora calai esses defs! Falis porque quereis, mas a ver pelo que entretanto engordais... pois sejais felizes com o que vos dão! Seja a papinha ou o papão, pelo pé ou pela mão, tudo se manja sem indigestão. Como eu e comeis vós e como é rápida & barata a nossa digestão... ora pois então.
O nosso povinho acolhedor e, coitado!, que se vende em todo o lado (e agora até na TV, ah pois é!) ajudaria a reduzir, a conter, quer dizer, a minorar a despesa. Ai, pois concerteza!
De mais para mais, todo e qualquer português pôde receber já, claro está, a notícia da crise. Mas sem crise, pois que, com fé, os nossos telelés continuarão a funcionar a tokar fazer-nos vibrar quais super-homens. Salvé os tele-movens! Qu’agora são que nem totens! Mas mai piquenos e menos pesados, pelo que jamais ficaremos pendurados engasgados iletrados.
Saudemos também os grandes maistres da nação, qu’eles aí estão e desejam saber quantos são quantos são! Desde pintos a dragões, chernes e cá-barões, são tantos os nossos animais de companhia e, olha, quem diria que se mostrariam tão nossos amigos... Leite não nos falta para ter saúde e fazer crescer e são tantas as Portas que se podem abrir com o que temos para consumir. E ainda, compatridiotas, verguemo-nos todos perante as nossas Cruzes e Rittos ancestrais para que nunca mais se pie fora do tom ou se toque outro som. Outrossim, é vê-los ornados ordenados condercorados da grã ordem e nunca corados na vã desordem. Como nos comovem.
Oh, quem hoje ousaria aviltar os nossos brandos cancros costumes? Costumam acostumar-nos a afiançar que a nossa madre bué de superior (de graça nossa senhora Dona Católica) poderá fiar e financiar os nossos podres... e padres. Seguremos-lhe a velinha e roguemos a ladainha cada um em sua capelinha para depois... morrem as vacas e ficarem os bois!
Pois, e que perdurem os bovinos quasi aladinos. Se ele há coisa mais democrática-fantástica-entalaste-a no nosso mundo rotundo é ela a festa brava: show de e show para bovi-suíno-caprinos. Divinos. São mais que as mães, e os pais e os avós e os totós, e a par destes, os galos. Não precisam ser de Barcelos para podermos vê-los com risos amarelos a meter o bico onde sejam chamados! Números há que apontam índices elevados agachados ou lado-a-lado; e tanto é o nosso crescimento espiritual clericalóbatismal...
País de galos orgulhemo-nos de ser e, segundo se diz, espetamos bem a colher um tanto ou quanto à la gardère e é mesmo isso que se quer. Imunidade adquirida forever. Mas visionamentos para pornos mais contentes e quiçá mais experientes nunca são de dispensar e se nos metermos nisso a pensar há que ver para querer e se não nascem mais bebés, activista que se bate por ideais, jovem, tu és!
Prestemos reverência à nossa nobre omniim-potência e brindemos com um copo (mais o tremoço) a nossa egrégia persistência diligência inteligência congruência haja-santa-paciência com que a Providência há já muito nos brindou. E que outro copo, que nos rege, nos regue a alminha e nos faça a caminha. Pobrezinha, anda tão agoniada, qu’hoje em dia serve só para trazer por casa, que nem ousa, a moça, aparecer pelos quintais... Ademais, quando enfim no fim, ai sim, sim!, o asfalto poderdes pisar até vos eis de sobressaltar com a colossal condução nacional: a só nossa condução bestial!
Devoção aos magnificentes condutores que aparentamos ser, e assim não seja difícil de entender porque somos tão bem guiados guisados governados neste e naquele lado secos ou molhados e jamais paralisados como os oh-cultos, ai ca brutos, nos querem fazer crer.
Apertai pois o cinto, mas apertai-o bem, qu’inda por cima ou qu’inda por baixo qualquer pastel qualquer faxo podem ir parar eito a Belém! Temos alfas e betos, analfas e brutos, temos ili e teracias (mais Lili & as Tias!) e figuras e ursos. Que dizer do alto corte, da alta costura lusitana? A fartura essa emana. Então não? Para esta estação, colarinho branco diz bem com saco azul e costas largas, no norte e no sul, sacodem águas aos capotes, enquanto não for, em época do calor, de se provar barretes aos magotes.
Manéis e Marias do meu lar doce lar, aprendam a bolsar como veros filhotes da nação, mas isto se entretanto vós não estiverdes assazmente ocupados com os resultados mui engraçados que seguirão sem o olho piscar mas com a mão sempre a telecomandar! E se já regurgitastes a novela às 6 às 7 às 8 às 9, então finalmente ide para a rua e averiguai se chove.
Na vida real de cada um de nós não faz mal quando não temos voz ou julgamos estar sós: se, uma vez que seja ou se alguém acaso veja, ficardes raivosos estrepitosos indignados frustrados pobres diabos ó coitados, lembrai-vos que isso é bombástico fantabulástico medimediático. Passa às oito, in locco e depois passa tudo, logo.
Dar-se-ão rebuçadinhos e chupa-chupinhos a quem respeitar a dieta nacional e dia-a-dia suplicar aos céus para que nos outorgue o nosso pãozinho sem sal! Delego-vos a vós ó miúdos ah miúdas para que amiúdas vezes possais polir a voz e antes de sair do baralho, pequeninos, de vossas casas casotas ou casinos, bradem juntos e em uníssono: vamos todos pó trabalho!!
1 Cogitai cogitai! Mas com vossos cérebros bem lavadinhos!
2 Medrai medrai! O povo medra, isso é limpinho!
3 Tende sempre num altar o que este cantinho vos puder dar.
4 Tomai em consideração se a tanga vos cai bem ou se não.
5 Tendes? Tomastes? Pois tomai que já levastes.
6 Povo povinho que lavas nos rios mijadinhos a saudade, erguei-vos, que não é tarde, nas romarias, de todos os dias e reclamai a liberdade (ai, sim, que ansiedade) de usufruir o sofá...
7 Então, já está?
8 Concedam-se o prazer de rebentar até morrer, que rebentos é o que faz falta para animar a malta. E em nossas casas de pasto o pilim é pouco gasto.
9 Podeis aqui! Podeis agora! Do que precisais é de... poder!
10 Inauguremos o país com o nosso bruto capital! Rolai pela grama toda a gama de enrolados. As cabeças afinal até são grandes bolas de football! (Quando nela não vão pendurados grandes cones, lado-a-lado).
11 Lusos inconclusos hodiernos, ai jesus! “Truz-truz!”, se for a Verdade, não vos incomodeis, dizei-lhe que volte mais tarde!
12 Como dizer em bom português: a nossa geração gera acção?!
13 Não e não. Não nos deixes ficar mal, ó grão PORTUGAL.
1 comentário:
MANIFESTO
qualquer coisa
A “Vós, ó portugueses da minha geração, que como eu, não tendes culpa nenhuma de serdes portugueses”
- José de Almada-Negreiros
Com certeza já ouvistes falar deste paísinho, pequenino, pacatinho; esta alegre casinha, tão modesta quanto nós... Vá lá, mesmo que não sejais pessoa aí para os seus quatrocentos, quinhentos anos, confessai-me que algures, por aí (se não com boca grande, à boca pequena), o grão nome de PORTUGAL roçou já a vossa orelha! Qualquer ovelha, por menos velha que seja nestas lides de carneirar, pastar, matar o tempo e nada pescar, mas a tudo cagar, conhece bem as memórias glórias vitórias da sua história, que hoje em dia temo que já não se saiba contar.
Também, quem se lembrou de este país à beira-mar plantar, dir-se-ia que não se soube acautelar: ventinho vai, ventinho vem, o paísinho acabou por tombar ao mar... que, de tão salgado, ainda hoje se traz nos lábios o amargor do seu sabor. O travo de amargura sentida e cantada infinitamente por toda a gente. Insistentemente. E para sempre.
Proponho-vos que largueis os caducos álbuns fotográficos desta nação padrão paixão e louvemos antes o nosso presente efervescente tão contente, mui rico e pleno de ensinamentos lusos a ensinar!
Advogo e (p’la santíssima) rogo que, mormente no actual presente, está na hora (ai, que em má hora se deverá falar em horas!) de fazermos as pazes, PORTUGAL. Qu’isto não está assim tão mal... Arriba ó Portucale! O teu bacalhau já nada vale? Arrumemos em casa a nossa loiça. Então... comecemos por qualquer coisa.
Falais do déficit ou défice... ora calai esses defs! Falis porque quereis, mas a ver pelo que entretanto engordais... pois sejais felizes com o que vos dão! Seja a papinha ou o papão, pelo pé ou pela mão, tudo se manja sem indigestão. Como eu e comeis vós e como é rápida & barata a nossa digestão... ora pois então.
O nosso povinho acolhedor e, coitado!, que se vende em todo o lado (e agora até na TV, ah pois é!) ajudaria a reduzir, a conter, quer dizer, a minorar a despesa. Ai, pois concerteza!
De mais para mais, todo e qualquer português pôde receber já, claro está, a notícia da crise. Mas sem crise, pois que, com fé, os nossos telelés continuarão a funcionar a tokar fazer-nos vibrar quais super-homens. Salvé os tele-movens! Qu’agora são que nem totens! Mas mai piquenos e menos pesados, pelo que jamais ficaremos pendurados engasgados iletrados.
Saudemos também os grandes maistres da nação, qu’eles aí estão e desejam saber quantos são quantos são! Desde pintos a dragões, chernes e cá-barões, são tantos os nossos animais de companhia e, olha, quem diria que se mostrariam tão nossos amigos... Leite não nos falta para ter saúde e fazer crescer e são tantas as Portas que se podem abrir com o que temos para consumir. E ainda, compatridiotas, verguemo-nos todos perante as nossas Cruzes e Rittos ancestrais para que nunca mais se pie fora do tom ou se toque outro som. Outrossim, é vê-los ornados ordenados condercorados da grã ordem e nunca corados na vã desordem. Como nos comovem.
Oh, quem hoje ousaria aviltar os nossos brandos cancros costumes? Costumam acostumar-nos a afiançar que a nossa madre bué de superior (de graça nossa senhora Dona Católica) poderá fiar e financiar os nossos podres... e padres. Seguremos-lhe a velinha e roguemos a ladainha cada um em sua capelinha para depois... morrem as vacas e ficarem os bois!
Pois, e que perdurem os bovinos quasi aladinos. Se ele há coisa mais democrática-fantástica-entalaste-a no nosso mundo rotundo é ela a festa brava: show de e show para bovi-suíno-caprinos. Divinos. São mais que as mães, e os pais e os avós e os totós, e a par destes, os galos. Não precisam ser de Barcelos para podermos vê-los com risos amarelos a meter o bico onde sejam chamados! Números há que apontam índices elevados agachados ou lado-a-lado; e tanto é o nosso crescimento espiritual clericalóbatismal...
País de galos orgulhemo-nos de ser e, segundo se diz, espetamos bem a colher um tanto ou quanto à la gardère e é mesmo isso que se quer. Imunidade adquirida forever. Mas visionamentos para pornos mais contentes e quiçá mais experientes nunca são de dispensar e se nos metermos nisso a pensar há que ver para querer e se não nascem mais bebés, activista que se bate por ideais, jovem, tu és!
Prestemos reverência à nossa nobre omniim-potência e brindemos com um copo (mais o tremoço) a nossa egrégia persistência diligência inteligência congruência haja-santa-paciência com que a Providência há já muito nos brindou. E que outro copo, que nos rege, nos regue a alminha e nos faça a caminha. Pobrezinha, anda tão agoniada, qu’hoje em dia serve só para trazer por casa, que nem ousa, a moça, aparecer pelos quintais... Ademais, quando enfim no fim, ai sim, sim!, o asfalto poderdes pisar até vos eis de sobressaltar com a colossal condução nacional: a só nossa condução bestial!
Devoção aos magnificentes condutores que aparentamos ser, e assim não seja difícil de entender porque somos tão bem guiados guisados governados neste e naquele lado secos ou molhados e jamais paralisados como os oh-cultos, ai ca brutos, nos querem fazer crer.
Apertai pois o cinto, mas apertai-o bem, qu’inda por cima ou qu’inda por baixo qualquer pastel qualquer faxo podem ir parar eito a Belém! Temos alfas e betos, analfas e brutos, temos ili e teracias (mais Lili & as Tias!) e figuras e ursos. Que dizer do alto corte, da alta costura lusitana? A fartura essa emana. Então não? Para esta estação, colarinho branco diz bem com saco azul e costas largas, no norte e no sul, sacodem águas aos capotes, enquanto não for, em época do calor, de se provar barretes aos magotes.
Manéis e Marias do meu lar doce lar, aprendam a bolsar como veros filhotes da nação, mas isto se entretanto vós não estiverdes assazmente ocupados com os resultados mui engraçados que seguirão sem o olho piscar mas com a mão sempre a telecomandar! E se já regurgitastes a novela às 6 às 7 às 8 às 9, então finalmente ide para a rua e averiguai se chove.
Na vida real de cada um de nós não faz mal quando não temos voz ou julgamos estar sós: se, uma vez que seja ou se alguém acaso veja, ficardes raivosos estrepitosos indignados frustrados pobres diabos ó coitados, lembrai-vos que isso é bombástico fantabulástico medimediático. Passa às oito, in locco e depois passa tudo, logo.
Dar-se-ão rebuçadinhos e chupa-chupinhos a quem respeitar a dieta nacional e dia-a-dia suplicar aos céus para que nos outorgue o nosso pãozinho sem sal! Delego-vos a vós ó miúdos ah miúdas para que amiúdas vezes possais polir a voz e antes de sair do baralho, pequeninos, de vossas casas casotas ou casinos, bradem juntos e em uníssono: vamos todos pó trabalho!!
1 Cogitai cogitai! Mas com vossos cérebros bem lavadinhos!
2 Medrai medrai! O povo medra, isso é limpinho!
3 Tende sempre num altar o que este cantinho vos puder dar.
4 Tomai em consideração se a tanga vos cai bem ou se não.
5 Tendes? Tomastes? Pois tomai que já levastes.
6 Povo povinho que lavas nos rios mijadinhos a saudade, erguei-vos, que não é tarde, nas romarias, de todos os dias e reclamai a liberdade (ai, sim, que ansiedade) de usufruir o sofá...
7 Então, já está?
8 Concedam-se o prazer de rebentar até morrer, que rebentos é o que faz falta para animar a malta. E em nossas casas de pasto o pilim é pouco gasto.
9 Podeis aqui! Podeis agora! Do que precisais é de... poder!
10 Inauguremos o país com o nosso bruto capital! Rolai pela grama toda a gama de enrolados. As cabeças afinal até são grandes bolas de football! (Quando nela não vão pendurados grandes cones, lado-a-lado).
11 Lusos inconclusos hodiernos, ai jesus! “Truz-truz!”, se for a Verdade, não vos incomodeis, dizei-lhe que volte mais tarde!
12 Como dizer em bom português: a nossa geração gera acção?!
13 Não e não. Não nos deixes ficar mal, ó grão PORTUGAL.
- Sara Évora Ferreira & J. C. Jerónimo
© PIM!
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